Eu apóio Jean Wyllys para Dep. Federal PSOL RJ 5005 - Vote na coerência RJ!!!

quinta-feira, 18 de março de 2010

A quem Plínio vai dizer não?

Por Edilson Silva

Após os debates de sua III Conferência Eleitoral o PSOL não será o mesmo. A eleição de delegados na base partidária com uma forte disputa entre pré-candidaturas, aliado aos debates que vêm sendo realizados nas principais capitais com os próprios pré-candidatos, está elevando o nível político de nossa militância e filiados. O PSOL não está escolhendo apenas seu porta-voz num processo eleitoral, está sim fazendo um balanço de sua curta história e com isto colocando em debate que partido queremos construir.

Tenho acompanhado atentamente aos debates e após quase dois meses de muitas discussões podemos afirmar claramente que existem dois balanços do PSOL presentes nas pré-candidaturas colocadas. Plínio e Babá, por caminhos diferentes, mas não muito, afirmam que o PSOL tem uma trajetória essencialmente equivocada. Martiniano reivindica um balanço distinto e positivo do PSOL. Esta diferença não é uma questão menor e guarda oposições profundas no ambiente das táticas políticas de mais longo alcance e também na definição da concepção partidária que nos serve.

Não foi correto a ampla maioria partidária não aceitar Zé Maria e o PSTU como vice na chapa presidencial com Heloisa Helena em 2006, abrindo aquela vaga para o Cesar Benjamin em nossa primeira conferência eleitoral? Não foi positivo o balanço da participação do PSOL nas eleições presidenciais de 2006? Não foi correto a ampla maioria partidária aprovar as alianças táticas municipais em 2008 para além do PSTU e PCB, em nossa segunda conferência eleitoral? Não foi correta a busca do diálogo com Protógenes Queiroz para atraí-lo para a nossa esfera partidária? Não foi correta a busca do diálogo com Marina Silva para atraí-la para uma aliança eleitoral coerente com o PSOL?

As respostas a perguntas como estas dividem o PSOL em dois grupos, um majoritário e outro com menor expressão, onde se encontram Plínio e Babá. As opções feitas pelo PSOL diante de fatos como estes foram desenhando a trajetória de nosso partido após a sua fundação. Os pré-candidatos Plínio e Babá, com suas respectivas correntes internas, com mais ou menos veemência em um ou outro ponto, respondem não a estas perguntas. Martiniano, ao contrário, responde sim, foram essencialmente corretas estas opções.

Não à toa as pré-candidaturas de Plínio e Babá colocam como uma das tarefas principais do PSOL neste processo eleitoral forjar a unidade com o PSTU. A hierarquia dada a esta tarefa é estranha ao percurso do PSOL até aqui, que vem hierarquizando suas opções políticas por um diálogo com um espectro mais amplo na sociedade, e não com vanguardas socialistas apenas, pois é disto que se trata quando se prioriza uma aliança com o PSTU.

Esta política de dar hierarquia de primeira grandeza à aliança com o PSTU não encontra contradição na pré-candidatura do Babá, pois este tem ao redor de sua pré-candidatura apenas a sua corrente, a CST, que prega abertamente os mesmos dogmas do PSTU. No entanto, o mesmo não acontece com a pré-candidatura de Plínio, pois setores do partido que reivindicam a trajetória do PSOL até aqui, inclusive a acertada tática de dialogar com Marina Silva, orbitam em torno de sua candidatura.

Estes setores que estão com Plínio, notadamente a APS e segmentos do Enlace, foram co-responsáveis pelas táticas eleitorais de 2006 e 2008 e também pelas táticas já percorridas até agora em 2010. E aqui se inicia um imbróglio. Estas táticas são chamadas pelo PSTU de políticas de direita.

Eduardo Almeida, dirigente do PSTU, escreveu recentemente um artigo cheio de delírios, mas que traz algumas verdades e franquezas, como esta conclusão sobre o Plínio: “Um giro à direita de Plínio para garantir o apoio das correntes majoritárias do PSOL (leia-se APS) à sua candidatura seria um erro político. A resultante seria outro Plínio, um candidato da esquerda com o programa da direita do PSOL. Essa postura inviabilizaria uma frente socialista, além de anunciar mais uma frustração para a base do PSOL, com a continuidade de seu rumo atual.” (http://www.pstu.org.br/nacional_materia.asp?id=11243&ida=22). Esta “direita” do PSOL a que Eduardo Almeida se refere é a corrente APS, que teria condicionado seu fundamental apoio ao Plínio mediante uma mudança no discurso e nas propostas do pré-candidato.

O PSTU deixa claro que só dialoga com o Plínio anti-candidato, com o Plínio que faz um balanço negativo da trajetória do PSOL, com o Plínio que quer fazer da sua campanha uma propaganda do socialismo. Ou seja, o PSTU não quer aliança com o PSOL, o PSTU quer uma aliança com o Plínio e com as correntes “de esquerda” do PSOL. Em melhor português: o PSTU quer, sem cerimônias e rodeios, dividir o PSOL, desmontá-lo, destruí-lo.

Esta situação estabelece uma contradição incontornável na pré-candidatura do Plínio, que estabelece que a unidade com o PSTU, que seria uma frente de esquerda, é uma das principais tarefas da sua possível candidatura. No entanto, para Plínio levar adiante esta sua tarefa prioritária ele terá que dizer não ao PSOL que existiu até aqui e refunda-lo em novas bases. Se Plínio, ao contrário, submete-se à “direita” do PSOL, estará dizendo não ao PSTU, e então seu discurso de pré-candidato dando centralidade para a aliança com o PSTU não teria passado de uma manobra para manter ao seu lado as correntes mais esquerdistas do PSOL.

O PSOL não pode correr o risco de ter um candidato a presidente com este nível de fragilidade e incoerência. A quem Plínio vai dizer não: à maioria do PSOL ou às suas correntes minoritárias e ao PSTU? Não é uma boa idéia deixar para conhecer esta resposta depois de nossa conferência.

A pré-candidatura de Martiniano Cavalcante tem inúmeras virtudes, mas certamente está entre as principais a coerência entre o seu discurso, sua prática e a curta história do PSOL. O PSOL precisa nesta campanha presidencial reafirmar sua história, reinvindicar suas vitórias, não abrir mão de seu patrimônio político. Somente desta forma, sem vergonha, mas com orgulho do que fizemos até aqui, poderemos estabelecer diálogos soberanos do nosso partido com os parceiros nesta caminhada eleitoral, sejam eles outros partidos, movimentos ou personalidades.

Martiniano presidente!

Edilson Silva é membro da Executiva Nacional do PSOL



Nenhum comentário: