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terça-feira, 23 de março de 2010

HELOÍSA HELENA - Nota aos filiados e dirigentes do PSOL.






Segue abaixo nota da Presidente Nacional do PSOL, Heloisa Helena.
Nota aos filiados e dirigentes do PSOL
Quanto mais transparência melhor

A coordenação da campanha da pré-candidatura de Martiniano Cavalcante divulgou no dia de hoje um comunicado interno ao PSOL com números que indicam que a maioria dos delegados eleitos nas plenárias municipais são apoiadores da pré-candidatura de Martiniano. Na sequência, o secretário geral do Partido, Afrânio Boppré, divulgou nota afirmando que os dados divulgados pela coordenação da campanha de Martiniano são fictícios e irreais e reivindicando a soberania da conferência.

O PSOL, como um partido vivo, pulsante, obviamente não se acomoda docilmente aos ritmos impostos de cima para baixo. As direções estaduais do PSOL, que possuem neste momento os dados relativos à conferência, podem e devem, respeitando os aspectos regimentais, divulgar imediatamente estes dados: quantos filiados reuniram-se e quantos delegados estaduais e nacionais foram eleitos. Os conhecidos emblocamentos internos do PSOL darão conta de transparecer a tendência de apoio destes delegados.

A militância do PSOL, seus filiados e dirigentes, sabem que a conferência passa por três etapas e apenas vencemos a primeira. A transparência em todas as etapas é condição fundamental para vencermos com êxito esta empreitada, por isso é importante que os diretórios regionais divulguem seus dados. Nossa militância pode, precisa e merece acompanhar este processo em tempo real. Apelo aos diretórios regionais que publiquem ao partido seus dados oficiais.

Heloisa Helena, Presidente Nacional do PSOL.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Martiniano quer debate completo no Pará (realizado em 25.02.10)

Cheguei hoje em Belém para participar do debate com os demais pré-candidatos do PSOL à presidência da República. Já aqui fomos informados que o pré-candidato Plínio de Arruda Sampaio não havia conseguido chegar à cidade. Foi trabalhada por alguns militantes a hipótese de outro assumir o papel de debatedor no lugar do Plínio. Não achamos correta esta hipótese, da mesma forma que não achamos correta a hipótese também levantada de se fazer o debate apenas com os dois pré-candidatos presentes. Entendemos que o debate entre todos os pré-candidatos é fundamental para o esclarecimento de nossos filiados sobre as propostas e concepções que estão sendo apresentadas. Por esta razão, nossa posição é que o debate seja adiado para o próximo dia 10/03, de forma que tanto eu, Martiniano, quanto Babá e Plínio, possamos debater com a militância do Pará as nossas propostas.
Martiniano Cavalcante

DEBATE DE BRASÍLIA E PORTO ALEGRE CONSOLIDA O ACERTO DA PRÉ-CANDIDATURA DE MARTINIANO CAVALCANTE NA CONSTRUÇÃO DO PSOL

O PSOL enfrenta um momento muito delicado, a difícil tarefa da escolha de um candidato à Presidência da República que esteja com possibilidades de representar um partido com muitas divergências. Que tem em seu caminho a difícil tarefa de reorganizar a esquerda brasileira, participando assim da reorganização revolucionária mundial, e ser um partido de massas, para dialogar, prioritariamente, com os trabalhadores e o povo explorado do nosso país. O Candidato terá ainda a tarefa de tentar preencher a lacuna deixada por Heloísa Helena, nosso nome público mais forte, e levar o partido adiante e, apresentar o partido como verdadeira alternativa às massas.
Na última quarta-feira, 10 de março, ocorreu em Brasília - Distrito Federal, mais um debate entre os presidenciáveis do PSOL, Martiniano, Plínio e Babá.
O primeiro a defender sua pré-candidatura foi Babá, mas sem defendê-la. Nos mais de 15 minutos em que interviu, Baba não disse uma única vez que ele é a melhor opção ao PSOL, se colocou como um pré-candidato para atacar, achincalhar e querer derrotar a figura de Heloísa Helena. Ficou na posição de comentarista político e comparando o PSOL com as análises programáticas e política que fazem os companheiros do PSTU.  Se postulando como uma pré-candidatura auxiliar a de Plínio. Cabe ressaltar aqui que Heloísa Helena não é uma deusa como faz o PT em relação a Lula, e nem será nunca defendida como tal. Temos a consciência de que HH é o nome que dialoga com o povo, companheira valorosa e de muita luta, que desde antes da fundação do PSOL teve a coragem e altivez suficiente para romper com o PT no auge do poder.
O segundo a se manifestar foi Martiniano Cavalcante, com um discurso coerente, colocou a questão da defesa do socialismo com sensatez, porém, com cuidado na forma em que o vai ser abordamos, dado o grau de enfrentamento que a luta de classes necessita. Quem estava presente naquele auditório, teve a sensação de que, de fato, o PSOL é o partido que melhor corresponde às aspirações do povo brasileiro. Martiniano defendeu do inicio ao fim de sua intervenção as conquistas do PSOL, seus acertos táticos, dentro de uma estratégia muito bem definida e com uma política capaz de mostrar o PSOL como verdadeira alternativa ao poder da burguesia.  Relembrou e defendeu todo o crescimento teórico, e de qualidade e quantidade da militância, que possibilita ao PSOL traçar políticas cada vez mais consequentes e coerentes, dentro de uma perspectiva socialista. Martiniano ainda defendeu corretamente que se deve apresentar um programa anticapitalista ao povo brasileiro, que discuta prioritariamente estes pontos: um projeto de poder para o Brasil, levando em conta o controle social frente a essa democracia que vivemos, a questão econômica, pontuando a divida publica brasileira, porém com a proposta de um plebiscito e a realização de uma auditoria, para que a própria população seja agente participativo dos rumos que o Brasil deve traçar; e a questão ambiental, com o controle estatal dos recursos minerais do Brasil, com a construção de uma estatal brasileira que tenha, dentre outras funções, a da educação ambiental, ponto essencial de defesa por parte de todos os socialistas. Martiniano ainda defendeu as dificuldades programáticas na composição de uma nova Frente de Esquerda. Não foi contra, mas nos trouxe a sensatez marxista suficiente para entendemos os obstáculos colocados para essa Frente, diferenciando a reposta necessária que o PSOL tem que responder a uma conjuntura tão complexa quanto a que vivemos, com a resposta que o PCB e o PSTU dão. Martiniano tem do seu lado a análise acertada que o MES/PP fizeram ao colocarem a questão da corrupção como essencial no debate com o povo. Foi por esta bandeira que lutamos arduamente no Sul, contra Yeda e é com este debate, que enfrentamos os reacionários e pelegos ao colocarmos, pela primeira vez na história brasileira, um governador na cadeia, como Arruda no DF. Além de toda a análise teórica de acerto tático, a realidade mostra a todos os militantes do DF, que é por meio da luta contra a corrupção, que conseguimos colocar o PSOL na rua, que nos apresentamos à população do DF como verdadeira alternativa de poder, sem discursos demagogos, mas com a cara de um partido de lutadores e lutadoras, como um partido que sem propõe a ser abrigo a todos que não concordam com o formato de poder desta sociedade, que estão dispostos a lutar juntos para mudarmos o curso da história. Abrigo a todos que, mesmo sem saberem, fazer parte da esquerda revolucionária brasileira que disputa os rumos do Brasil.
 Plínio de Arruda Sampaio, acredita que terá algum avanço em suas intervenções e na política que defende traçada pelo CSOL e com o apoio do APS.  Plínio evoluiria um pouco mais em seu discurso, buscando representar concepções de partido tão diferentes quanto as concepção que CSOL, Enlace e APS têm. Sem compreender o verdadeiro papel do PSOL, Plínio pareceu diversas vezes perdido em seu discurso, alternando momentos sectários com falas mais abrasadoras. Plínio não avançou em seu discurso e nem avançará. Não consegue dialogar internamente com o partido e nem conseguirá dialogar com o povo, pois não consegue dar uma cara própria à sua candidatura, tão pouco se apresentar como uma alternativa segura ao PSOL e ao Brasil.
Por tanto, quem fez muito no debate foi à fala de Martiniano Cavalcante, quando defendeu o PSOL como o grande ganho da esquerda brasileira e mundial, defende a fundação do PSOL, que não se trata do mito dos fundacionais, como colocado por outros, mas se trata de defender o grande instrumento de luta da classe explorada brasileira, e prepara a todos os militantes socialistas para enfrentar os obstáculos postos pela conjuntura, com a tarefa de aglutinar as massas, e postular o partido como dirigente de um futuro processo revolucionário em curso.
Porto Alegre consolida a Pré-candidatura de Martiniano Cavalcante
Cerca de 400 militantes do Psol compareceram ao Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa, para acompanhar o debate. Depois de realizar atividades semelhantes em dez capitais brasileiras, o Psol irá eleger o representante da sigla na disputa pelo Palácio do Planalto nos dias 10 e 11 de abril, no Rio de Janeiro, no decorrer da IIIª Conferência Nacional Eleitoral do PSOL. A escolha se dará por meio do voto direto dos delegados que estão sendo eleitos em todo o país. Martiniano é o mais cotado para vencer o pleito interno, enquanto Babá e Plínio contam com menores possibilidades de êxito.  Para a deputada federal Luciana Genro, descreveu a atividade de Porto Alegre (RS) como um momento de afirmação da democracia interna do Partido. "O Martiniano se mostrou como o mais capacitado para dialogar com a população e reafirmar as políticas do Psol", defendeu Luciana.
Defender a candidatura de Martiniano Cavalcante é defender o projeto do PSOL e os rumos que se dará ao partido no próximo período.



http://www.youtube.com/watch?v=RjCXmZ1nq7U
http://www.youtube.com/watch?v=fvZws-y0LMc

Meios de comunicação e programa de campanha
http://www.youtube.com/watch?v=L1L-TcoO-OE

Conjuntura e embates internos
http://www.youtube.com/watch?v=p4fU4CWTNJg

Financiamento de Campanha:
http://www.youtube.com/watch?v=F7g5YRcSS-w
Financiamento de Campanha e Programa de Campanha
http://www.youtube.com/watch?v=hqA1eNV5ngk
Saúde Pública e Política de Alianças
http://www.youtube.com/watch?v=9KRhniAWmSQ

Sou socialista,sou PSOL e sou Martiniano para presidente.

CAMARADAS!
Eu poderia apenas assistir as plenarias e dar o meu voto sem me manifestar.
Eu poderia dizer que me dou por satisfeito em saber que o partido ao qual sou militante com muito orgulho
não tem apenas um,mas sim três nomes para que possamos escolher o nosso candidato.
Mas eu sinto a nescessidade de vir até os camaradas e dizer que existe um nome com o qual eu me identifico.Talvez em outro momento na história outro nome faça mais sentido,pois não duvido que os demais candidatos tenham projetos em pró do socialismo e da construção do PSOL.
Mas neste momento o nosso candidato deve ser um homem de ação,este momento exige isto.
O nosso candidato deve ter energia e disposição para ambicionar mais do que 4 ou 5 por cento de votos .
O nosso candidato deve ter energia e disposição para estar em todas as frentes e enfrentar todas as batalhas.
Portanto camaradas !
Eu lhes digo:Sou socialista,sou PSOL e sou Martiniano para presidente.
 
Fabian - campeaofabian@hotmail.com

Breve Biografia de Martiniano Carvalho - breve mas de muita luta.

 Breve biografia de Martiniano Cavalcante

Martiniano Cavalcante nasceu em Ivolândia, Goiás, é Engenheiro Civil, tem 51 anos. Desde os 16 dedica a sua militância cotidiana à construção de uma nova sociedade e de um novo país. Sua coragem e firmeza se alimentam da consciência de que as crianças, mulheres e homens, de todas as raças e cores, tem direito à dignidade de uma vida plena, ao trabalho e a riqueza partilhados, ao conhecimento e à liberdade.
Em Brasília, onde se formou, desde muito jovem lançou-se de corpo e alma na luta pelas liberdades democráticas, contra o regime militar. Em Goiás foi coordenador do comitê das “Diretas Já”. Esteve sempre ao lado dos que lutam por emprego por salários justos, pela moradia e pela terra, em defesa dos direitos humanos, da educação e da saúde publicas de qualidade. Há décadas, Martiniano participa ativamente da luta política e nunca se deixou seduzir por cargos, prestígio ou poder em nenhum governo do PMDB, PSDB ou do PT. Ao contrário, Martiniano foi implacável na oposição e na denuncia da corrupção. Sempre lutou para construir uma alternativa de poder para os trabalhadores e para maioria do povo.
Na Rádio K do Brasil, como comentarista, ao lado de Jorge Kajuru, ajudou a escrever uma página memorável da imprensa livre em Goiás que foi destruída pela truculência autoritária do Governo Marconi Perillo. Martiniano respondeu quase 20 processos movidos pelo ex-governador, por pessoas ligadas a ele e pela organização de comunicação afiliada da Globo em Goiás. O motivo foi a denuncia implacável da corrupção no governo estadual e a crítica afiada e corajosa que fazia todas as manhãs nos microfones da Rádio K do Brasil. Ele e Jorge Kajuru foram ameaçados de morte quando denunciavam o caso Caixego. Crime praticado no Governo do PMDB para financiar a campanha de Íris Rezende ao governo do estado em 1988. O “tempo novo” do PSDB superou o PMDB na mordaça que impôs a imprensa goiana comprada a peso de ouro com dinheiro público. Fechou a Rádio K sete vezes, na última durante as eleições de 2002 por trinta dias. Botou a policia montada, a policia de choque da PM, helicópteros e um aparato de guerra para impedir um ato publico de ouvintes que reivindicavam a abertura da rádio e o direito de ter acesso ao Dossiê K, livro que relatava os escândalos de corrupção ocorridos no governo Marconi. O povo foi impiedosamente espancado. Diante de tanta violência e corrupção ninguém foi punido pela justiça. Kajuru foi expulso de Goiás e Martiniano foi condenado a seis meses de cadeia, e só não foi impedido de ser candidato a Deputado Federal porque esta condenação prescreveu dois dias antes do prazo final do registro de sua candidatura.
Em 2002, candidatou ao Senado Federal e obteve quase 300 mil votos, correspondente a mais de 6% dos votos. Nos dias de Glória do inicio do Governo Lula, coerente com seus ideais e com sua história, Martiniano juntou-se à Senadora Heloisa Helena, aos deputados Luciana Genro, Babá, João Fontes e a tantos outros militantes da esquerda socialista e democrática, com os quais fundou o PSOL, o Partido Socialismo e Liberdade. Foi Coordenador Geral da campanha presidencial de Heloisa Helena e hoje é Presidente da Fundação Lauro Campos, membro do Diretório Nacional e Presidente do Diretório Estadual do PSOL em Goiás.

HELOISA HELENA LANÇA MARTINIANO CAVALCANTE CANDIDATO DO PSOL

Diante do encerramento do processo de negociação com o PV em torno da pré-candidatura de Marina Silva à presidência da República, os militantes do PSOL abaixo relacionados vem a esta instância partidária formalizar a apresentação do nome do filiado Martiniano Cavalcanti, fundador do PSOL, presidente da fundação Lauro Campos membro do Diretório Nacional e presidente do PSOL-GO, como pré-candidato à presidência da República.

Heloisa Helena – Presidente Nacional do PSOL
Luciana Genro – Deputada Federal PSOL-RS
Jeferson Moura – Executiva Nacional do PSOL / Pres. PSOL-RJ.
Roberto Robaina – Executiva Nacional do PSOL / Pres. PSOL-RS.
Mário Agra – Executiva Nacional do PSOL / Pres. PSOL-AL.
Edilson Silva – Executiva Nacional do PSOL / Pres. PSOL-PE.
Elias Vaz – Executiva Nacional do PSOL / Pres. PSOL-Goiania.
Pedro Fuentes – Executiva Nacional do PSOL
João Batista Fonseca – Pres. Diretório Regional PSOL-MG.
Sandro Pimentel – Pres. Diretório Regional PSOL-RN.
Marcos Magno – Pres. Diretório Regional PSOL-MT.
Marizia Dias – Pres. Diretório Regional PSOL-RO.
José Luiz Oca – Pres. Diretório Regional PSOL-RR.
Emirson Teles - Pres. Diretório Regional PSOL-AC.
Lucien Resende – Pres. Diretório Regional PSOL-MS.

                                                                              
Brasília, 21 de janeiro de 2010. 



Por que aceitei a pré-candidatura à Presidência da República
Todos os que possuímos um coração socialista e revolucionário vivenciamos tempos de incerteza e de decisão. O futuro da humanidade está sendo escolhido. A responsabilidade da classe trabalhadora é gigantesca. Os socialistas devem estar à altura dos novos desafios que se apresentam.
Acontecimentos históricos de grande importância exigem respostas das mudanças ocorridas no mundo. Destaco o colapso da União Soviética e do leste europeu. A contínua e crescente revolução científica com seu “tsunami” nas relações de trabalho. A influência dos novos meios de comunicação de massas no modo de vida dos indivíduos. As fortes demandas criadas na sociedade atual pela diversidade social, racial, sexual e cultural. E, principalmente, a patente insustentabilidade do modo de produção e de consumo capitalistas.
Tudo isso se fundiu num verdadeiro impasse diante da civilização humana e cobra dos socialistas um projeto renovado que aponte de maneira consistente a superação das agudas contradições que ameaçam conduzir a humanidade para a barbárie.
No Brasil somou-se a esta enorme tarefa um obstáculo particular derivado das condições políticas nacionais. Aqui, a bem sucedida conversão do PT às forças do capital e a grande popularidade do governo Lula lograram fechar a disputa aberta no final da ditadura militar quanto aos rumos para o país. Lula e seu governo coroaram a transição conservadora e a consolidação de um capitalismo altamente monopolizado que incorporou o latifúndio e se integrou plenamente ao capital financeiro internacional. Aqueles que durante décadas incorporaram as maiores aspirações democráticas do povo brasileiro e chegaram a se apresentar como a principal ameaça aos interesses do grande capital, se converteram, por opção própria, no maior elemento de sua sustentabilidade e desenvolvimento.
Eu tenho a profunda convicção de que, diante deste cenário difícil, a criação do PSOL foi a mais importante construção realizada pela recomposição da esquerda brasileira.
Nosso partido nasceu com vocação para contribuir com a atualização teórica e programática do projeto socialista e, ao mesmo tempo, resgatar o combate intransigente às oligarquias burguesas e às forças neoliberias. Além disso, inauguramos novo ciclo histórico que pautou a necessidade inegociável de enfrentar e superar o social liberalismo de Lula e do PT.
Inegavelmente o PSOL é uma construção incompleta e cheia de debilidades. Mas, em contrapartida, é portador de características fundamentais para a construção um partido revolucionário com influência de massas e com determinação para disputar o poder político.
Este perfil reflete uma acumulação, prática e teórica, realizada pelo trabalho das forças mais conseqüentes que participaram da fundação do partido, fortalecidas por concepções afins que entraram no PSOL em 2005, após a segunda onda de rupturas com o PT.
O nome do partido e sua conjugação de socialismo e liberdade expressam uma opção consciente que nega os regimes ditatoriais. Nosso funcionamento orgânico, subordinado à pluralidade de concepções, também revela um irredutível compromisso com a democracia na construção do socialismo. Desde o seu ato inaugural, o PSOL se pautou pela atuação política voltada, prioritariamente, pelo diálogo amplo com as massas. Procurou debater seus problemas concretos e se esforçou para apresentar um projeto organizador de soluções reais e verdadeiras para eles. Ao mesmo tempo manteve sempre presente a necessidade histórica da transformação social e rejeitou as tentações propagandistas, auto-proclamató rias e sectárias.
Deste viés político brotaram nossos melhores frutos. A força social adquirida pela companheira Heloisa Helena, a respeitabilidade pública adquirida pelos nossos parlamentares e a consolidação crescente de nossas lideranças populares em construção.
Foram estas concepções que orientaram a correta procura de dialogo com a Senadora Marina Silva. Não escolhemos o caminho simplista e cômodo de menosprezar aquela ruptura incompleta com o PT, rotulando-a de ecocapitalista e nos autoproclamando ecossocialistas. Procuramos dialogar com o movimento desencadeado por ela, com sua simbologia de política limpa vinculada à importantíssima questão ambiental e com a base social que ela representa. Propusemos que ela se juntasse a nós para combater, com coligação de esquerda, a polarização PT x PSDB. Esta atuação do PSOL demonstrou a todo o país, com fatos e não com discursos professorais, que ela e o seu PV preferiram se aproximar dos Tucanos e dos Demos, deixando-nos em posição privilegiada para combatê-la.
Foi produto desta linha política a correta posição que autorizou ao PSOL assumir a defesa dos processos revolucionários da América Latina, mantendo a independência partidária, mas assumindo um lado claro, sem se confundir com a propaganda e as ações da direta.
Naturalmente tudo isso é insuficiente. É apenas o início de uma caminhada. Não garante que conquistaremos a adesão das forças vivas do nosso povo, dos setores de massa mais avançados do país. É preciso avançar muito, mas avançar na direção de aperfeiçoar os acertos políticos gerais que marcaram a fisionomia do PSOL desde a sua fundação até aqui.
A pré-candidatura à presidência da república que represento nasce defendendo esta compreensão. Contrapondo- se àqueles que, de um modo ou de outro, pretendem utilizar a campanha presidencial para derrotar as principais forças do partido e dar ao PSOL um perfil antagônico ao que ele teve até agora. Propostas que buscam, conscientemente, o isolamento e que pretendem dirigir a campanha e o discurso do PSOL apenas para a vanguarda socialista não condizem com o acúmulo que realizamos. Uns se escondem atrás do propagandismo ideológico socialista para se omitir da indispensável crítica e do inadiável combate político ao governo do PT. Outros o fazem de maneira estridente e sectária pouco compreensível para as amplas massas.
Minha disposição é colaborar para construir coletivamente uma plataforma eleitoral baseada no desenvolvimento das linhas mais positivas de nosso acúmulo partidário. Disponho-me a atuar com toda dedicação necessária para a urgente consolidação da unidade de todas as correntes, setores, lideranças e militantes que contribuíram para construí-lo e que pretendem defendê-lo.
Acredito que este é o único caminho coerente para colocar no centro da campanha a defesa de nossa legenda, propangadear a atuação de nossas representações parlamentares, animar nossa militância, conquistar a simpatia do eleitorado e o voto em nossos candidatos.
A síntese desta compreensão política é o programa de campanha. Ele não pode ser uma plataforma de caráter diretamente socialista por pura impossibilidade das condições concretas. Será, isto sim, um programa centrado na realização da emancipação social, nas reivindicações e nas demandas mais agudas da luta popular. Pautado pelo enfrentamento concreto dos privilégios do capital financeiro, dos grandes conglomerados capitalistas, do imperialismo e do latifúndio. Fundado no compromisso irredutível com o caráter radicalmente democrático do governo, do estado e do socialismo que defendemos. Impregnado da utopia ecossocialista que deve orientar a construção de uma nova economia e de um novo modo de vida, verdadeiramente sustentáveis. Assim nosso programa será anti-capitalista com orientação socialista.
Coerente com essa linha quero externar o meu entendimento sobre quatro grandes vetores que considero centrais na estruturação do discurso de campanha:
O Caráter do Estado Brasileiro
Temos que aproveitar a oportunidade para demonstrar de modo cristalino a natureza essencial da corrupção na constituição do poder e das instituições da república brasileira. Esclarecer de maneira pedagógica que o poder político no Brasil se sustenta em um círculo vicioso. Começa com a ação do poder econômico no financiamento das campanhas. Passa, sem exceção, pela transformação de todos os negócios públicos em negociatas privadas para satisfazer os interesses de grupos econômicos e propiciar o enriquecimento de oligarquias políticas. Chega, por fim, à dominação completa do Legislativo, do Executivo e do Judiciário por uma camada social dominante. Esta é a melhor base conceitual para denunciar, em particular, os mensalões do PSDB, PT e DEM e a corrupção, em geral, mostrando-a como mecanismo essencial do poder burguês. Diante deste quadro, apresentar nossa proposta de mudança deste caráter do Estado como instrumento privado a serviço de uma elite econômica e política, transformando- o, de fato, em instrumento a serviço da maioria do povo e por ele controlado. Para materializar esta mudança devemos apresentar uma proposta de regulamentação do exercício da democracia direta prevista na Constituição. Assim, articularemos a aplicação de plebiscitos e referendos para definição de temas políticos e econômicos relevantes com a revogabilidade de mandatos através de iniciativa popular. Defenderemos o fim do financiamento privado de campanha e a democratização dos recursos públicos e do tempo de propaganda no rádio e televisão. Devemos também apresentar propostas concretas que fortaleçam os conselhos e o controle social sobre o aparelho do Estado. Para implementar esta ruptura do circulo de ferro que aprisiona de maneira absoluta o poder político puramente aos interesses do capital, acredito que devemos defender uma constituinte exclusiva para tratar da reforma política convocada através de um plebiscito nacional.
Política Econômica
Além de combater as concepções neoliberais, o PSOL terá que apresentar sua concepção de política econômica. A crise global do capitalismo agravada pela crise financeira desencadeada em 2008 nos da excelente condição para defender uma intervenção mais forte do Estado na economia, uma vez que os grandes capitalistas do mundo inteiro socorreram-se, despudoradamente, dos recursos públicos para se salvarem da quebradeira geral. Apesar desse aspecto bastante favorável, devemos ter clara consciência de que a correlação de forças não nos permite apresentar propostas gerais de estatização de setores econômicos, sejam da indústria ou dos serviços como educação e saúde. Nas atuais condições tais posicionamentos servem apenas para “chocar” a opinião pública, quando nosso objetivo é justamente ao contrário; estabelecer um diálogo mediado e pedagógico com a população. Por isso, acredito que nossa melhor opção é desenvolver a linha da sintonia fina entre as grandes mudanças políticas e a aplicação de medidas democráticas profundas e incontestáveis. Tomemos como exemplo o problema da dívida pública, que podemos abordar propondo a suspensão geral e imediata do pagamento dos juros ou de outra maneira, que acredito correta e mais eficiente, propugnando pela auditoria cidadã nacional da dívida pública. Apoiando-nos no trabalho do jubileu e da bancada do PSOL na CPI da dívida, preservando os interesses dos trabalhadores, de pequenos e médios poupadores, devemos propor, através de um plebiscito nacional, a suspensão do pagamento dos juros. Além de equacionar o problema da divida pública, com esta proposta, abriremos espaço para discutir a necessidade de libertar a economia nacional da submissão aos monopólios e ao capital financeiro. Defenderemos, também, a intervenção do Estado e um planejamento econômico estratégico que contemple os interesses do trabalho, a distribuição de renda, a inversão da estrutura tributária, o aumento da tributação dos mais ricos do capital e, especialmente, das atividades com alta demanda de recursos naturais e poluidoras. Defenderemos ainda a redução da tributação dos mais pobres, dos trabalhadores, dos pequenos e médios proprietários e de atividades econômicas sustentáveis ambientalmente. Seguindo esta linha de intervenção, devemos propor, ao mesmo tempo, uma mudança na relação do Estado com os grandes conglomerados. Aquele deve exercer o controle social e impor as determinações do planejamento estratégico nacional sobre este. As fontes de financiamentos públicos priorizarão financiamento dos investimentos sociais, os pequenos produtores e o desenvolvimento de formas associativas de produção e consumo.
A Questão Social
Nosso programa deve assumir as formulações emanadas do movimento social. Todas representam um acumulo histórico de décadas de luta em defesa da educação e da saúde públicas, da reforma agrária, da reforma urbana, da previdência pública e da melhoria das condições de vida e de trabalho do nosso povo. Creio que devemos dar um passo a diante debatendo o assunto e propondo uma nova abolição da moderna escravatura, com metas e prazos concretos para a saúde e educação públicas, inclusive para eliminação do analfabetismo, dos déficites de habitação, saneamento e transporte público. Certamente teremos que enfrentar a discussão sobre os programas sociais do governo Lula, especialmente o Bolsa-Família e o PROUNI. Acredito que, ao contrário de condenar frontalmente estes programas, devemos ressaltar a sua insuficiência para, de fato, eliminar a miséria social. Especificamente sobre o PROUNI, devemos propor uma política de universalização do ensino público gratuito de qualidade que possa substituir, em curto prazo, as vagas do PROUNI pela ampliação das vagas nas universidades públicas.
A Questão Ambiental
Devemos aproveitar a campanha eleitoral para propagandear a concepção ecossocialista e expor pedagogicamente a incompatibilidade do sistema capitalista com a sustentabilidade ambiental. Apoiados neste principio teremos condições de fazer uma crítica demolidora à política ambiental das candidaturas Dilma, Serra e Mariana Silva/PV. Enquanto denúncia, a exploração desse tema tem muita força, mas toda essa energia se perde quando não acompanhada de proposições concretas para enfrentar as profundas mudanças do modo de produção, consumo e vida. Acredito que devemos incorporar as questões ambientais de caráter nacional, como apoio ao desmatamento zero na Amazônia, a condenação da transposição do Rio São Franscisco, a denúncia da tentativa de mudanças do Código Florestal, a luta contra a construção da Usina de Belo Monte, dentre outras muitas. Mas, além de tudo isso, devemos defender a elaboração de um plano nacional de sustentabilidade econômica que imponha oneração fiscal às atividades poluidoras e predatórias de recursos naturais, e um projeto nacional de coleta seletiva, reciclagem e destinação adequada de resíduos urbanos. Podemos ir além e defender a criação de um grande empresa estatal, nos moldes do que foi a criação da PETROBRAS, que funcione como um centro nacional de pesquisa aplicada e produção sustentável baseada na biodiversidade da Amazônia, do Cerrado e da Mata Atlântica. Defendemos que o Brasil assuma a vanguarda mundial na luta por uma economia limpa e sustentável através de uma forte intervenção estatal que leve em conta também a necessidade de um programa nacional de educação ambiental que mobilize as forças do povo brasileiro.
Queridos companheiros e companheiras, neste texto apresentei o que considero propósitos centrais de uma campanha presidencial do PSOL. Acredito que podemos ser protagonistas de uma campanha revolucionária, apaixonante e equilibrada. Isto está nas mãos de nossos militantes que escolherão, em nossa Conferência Nacional Eleitoral, o candidato a presidente e o perfil programático mais adequado para o momento político atual. Poderemos superar as adversidades da conjuntura e realizar uma campanha vitoriosa capaz de manter viva a construção de um PSOL amplo e unitário, uma alternativa real em oposição às forças do capital e aos blocos do PSDB e do PT. Embrionária, mas vocacionada para buscar, na disputa de massas, a energia necessária para sua própria construção e para transformação social do Brasil.
Um abraço a todos e a todas.
Martiniano Cavalcante

Martiniano | Pré-candidato à Presidência | PSOL
contato@martiniano.net.br



Lugar à juventude!


No debate entre as pré-candidaturas do PSOL, realizado na segunda (15/03) em São Paulo , um fato chamou muito à atenção. Plínio de Arruda Sampaio, na sua fala de encerramento, dirigiu-se à juventude do PSOL que estava na plenária, apoiadora de Martiniano Cavalcante, e disse que esta lhe inspirava pena. Segundo ele, porque tal juventude não tem em sua trajetória a experiência de grandes lutas e, portanto, o sonho da revolução.

            Este fato, além de causar indignação, sugere duas coisas: ou Plínio desconhece a trajetória de combatividade da Juventude do PSOL, da qual a juventude do MES fez parte desde o seu início, ou esta trajetória não provoca em Plínio qualquer respeito. Sendo qualquer uma das opções a correta, torna-se indispensável esclarecer ao Plínio pré-candidato do PSOL qual o papel que cumpre esta juventude na construção do partido e das lutas que participamos.

Atualmente, um importante exemplo disso é a vitória nas eleições do DCE da USP. Esta última eleição foi uma batalha vencida a duras penas contra a direita pró-Serra e o aparelhismo do PSTU. Infelizmente, no momento em que a direita tomava força sem precedentes na USP, parte significativa dos setores que apóiam hoje a pré-candidatura de Plínio preferiu não intervir diretamente no processo, declarando voto tanto à chapa construída por militantes do PSOL, e pela juventude do MES, quanto à chapa do PSTU.

Tal postura favoreceu a direita já que, entre outros motivos, o PSTU foi um dos grandes responsáveis pelo fortalecimento do sentimento reacionário na USP, devido à sua política propagandista e exclusivamente pautada na sua autoconstrução.  Apesar disso, Plínio não se cansa da fazer elogios ao PSTU. E exemplos disso não faltam. Plínio em 2008, à revelia do núcleo do PSOL, foi à USP participar de uma atividade de campanha da chapa do PSTU para o DCE, enquanto a juventude do PSOL havia optado por construir outra chapa.

             A vitória nas eleições do DCE é fruto também de uma trajetória. Uma trajetória que reúne muitos exemplos, como a ocupação da sede do INCRA em Brasília, realizada conjuntamente pela juventude do MES e pelo MTL, em meio a uma grande marcha contras as reformas do governo Lula; como as greves na USP de 2000, 2002 e 2004; como os atos de 2005 impulsionados pelo movimento estudantil da USP e que culminaram na ocupação da Assembléia Legislativa de SP. Assim como a ocupação da reitoria da USP em 2007 e a luta contra a ditatorial Reitora da USP, através do movimento Blusas Amarelas e do Fora Suely.

            Infelizmente, Plínio parece desconhecer ou ignorar que a história da juventude do MES foi forjada na luta concreta, real, enfrentando os projetos neoliberais de Lula e Serra e no internacionalismo, apoiando os processos revolucionários latino americanos. É fato que a luta internacionalista também é parte da tradição de nossa juventude. Meses atrás, em meio à resistência ao golpe em Honduras, dois militantes de nossa juventude estiveram junto ao secretário internacional do partido, apoiando a resistência e as ocupações das universidades pelo movimento estudantil desse país.

Eu mesma estive há dois anos na fronteira com Bolívia apoiando logisticamente a resistência camponesa. Também pude acompanhar o referendo constitucional que esteve ameaçado pela ação golpista da direita boliviana. Membros de nossa juventude estiveram e estão hoje na Venezuela apoiando a construção da juventude bolivariana contra a direita encastelada nas universidades. Um movimento estudantil reacionário, apoiado pelo PSTU, partido de que tanto fala Plínio como exemplo da luta socialista. Vale lembrar que no caso da Venezuela este partido também votou contra o referendo de Chávez e apoiou a RCTV. 

Fizemos isso porque herdamos uma tradição de intervenção na luta de classes, de militância para a ação e reivindicamos um internacionalismo ativo que ganha cada vez mais força no PSOL. Assim como reivindicamos e reconhecemos a experiência da nossa corrente na luta continental e mundial contra o imperialismo e a burguesia. Corrente esta que teve mais de cem militantes mortos o desaparecidos na ditadura Argentina, que fez parte ativa da insurgência camponesa no Peru e da intervenção em defesa de Chávez contra o golpe imperialista em 2002.

Para nossa juventude a história de luta de nossa corrente e a luta travada dia-a-dia deve caminhar para um único projeto: a construção de uma alternativa de poder para o povo brasileiro que seja capaz de combinar as tarefas democráticas transitórias com a imprescindibilidade da revolução socialista. Assim, acreditamos que este projeto se constrói hoje em torno do PSOL, como superação da falência do PT e do próprio PSTU, que tanto combate o nosso partido.

A necessária elevação da consciência das massas, como bem disse Plínio, não será fruto dos acertos e dos pontos positivos do governo Lula, muito menos da política do PSTU ou da política de choque social proposta por Plínio. Será resultado da mobilização e da experiência das massas na qual o PSOL deve estar inserido.

Diante disso, no debate do dia 15 estavam presentes três candidatos, mas o resultado da discussão nos apresentou apenas duas possibilidades. Uma delas pode ser o retrocesso do espaço que o PSOL acumulou neste último período através da referência de massas em Heloísa Helena , da política acertada contra a corrupção, da denúncia da similitude de projetos entre PT e PSDB. Retrocesso este que também poderá florescer da política ilusória de aliança orgânica com o PSTU. Ou podemos ter a possibilidade de avançar na influência de massas de nosso partido, sendo capaz de dialogar com a realidade concreta da população brasileira, disputando a consciência do povo para outro projeto de sociedade. Projeto este que não pode morar em nossos corações apenas como eterna utopia, mas como tarefa permanente dos que lutaram ontem, dos que lutam hoje e dos que lutarão amanhã.

A juventude tem sido parte indispensável para que o projeto do PSOL se torne viável. Plínio de Arruda não se deu conta ainda que a juventude do PSOL tem os sonhos, a rebeldia e a ousadia necessárias à luta revolucionária, mas como disse Lênin: è preciso sonhar com a condição de crer em nosso sonho, de observar com a atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles. Nós acreditamos!
Nathalie Drumond
Militante da Juventude do MES/PSOL
Martiniano Presidente!”
 

A quem Plínio vai dizer não?

Por Edilson Silva

Após os debates de sua III Conferência Eleitoral o PSOL não será o mesmo. A eleição de delegados na base partidária com uma forte disputa entre pré-candidaturas, aliado aos debates que vêm sendo realizados nas principais capitais com os próprios pré-candidatos, está elevando o nível político de nossa militância e filiados. O PSOL não está escolhendo apenas seu porta-voz num processo eleitoral, está sim fazendo um balanço de sua curta história e com isto colocando em debate que partido queremos construir.

Tenho acompanhado atentamente aos debates e após quase dois meses de muitas discussões podemos afirmar claramente que existem dois balanços do PSOL presentes nas pré-candidaturas colocadas. Plínio e Babá, por caminhos diferentes, mas não muito, afirmam que o PSOL tem uma trajetória essencialmente equivocada. Martiniano reivindica um balanço distinto e positivo do PSOL. Esta diferença não é uma questão menor e guarda oposições profundas no ambiente das táticas políticas de mais longo alcance e também na definição da concepção partidária que nos serve.

Não foi correto a ampla maioria partidária não aceitar Zé Maria e o PSTU como vice na chapa presidencial com Heloisa Helena em 2006, abrindo aquela vaga para o Cesar Benjamin em nossa primeira conferência eleitoral? Não foi positivo o balanço da participação do PSOL nas eleições presidenciais de 2006? Não foi correto a ampla maioria partidária aprovar as alianças táticas municipais em 2008 para além do PSTU e PCB, em nossa segunda conferência eleitoral? Não foi correta a busca do diálogo com Protógenes Queiroz para atraí-lo para a nossa esfera partidária? Não foi correta a busca do diálogo com Marina Silva para atraí-la para uma aliança eleitoral coerente com o PSOL?

As respostas a perguntas como estas dividem o PSOL em dois grupos, um majoritário e outro com menor expressão, onde se encontram Plínio e Babá. As opções feitas pelo PSOL diante de fatos como estes foram desenhando a trajetória de nosso partido após a sua fundação. Os pré-candidatos Plínio e Babá, com suas respectivas correntes internas, com mais ou menos veemência em um ou outro ponto, respondem não a estas perguntas. Martiniano, ao contrário, responde sim, foram essencialmente corretas estas opções.

Não à toa as pré-candidaturas de Plínio e Babá colocam como uma das tarefas principais do PSOL neste processo eleitoral forjar a unidade com o PSTU. A hierarquia dada a esta tarefa é estranha ao percurso do PSOL até aqui, que vem hierarquizando suas opções políticas por um diálogo com um espectro mais amplo na sociedade, e não com vanguardas socialistas apenas, pois é disto que se trata quando se prioriza uma aliança com o PSTU.

Esta política de dar hierarquia de primeira grandeza à aliança com o PSTU não encontra contradição na pré-candidatura do Babá, pois este tem ao redor de sua pré-candidatura apenas a sua corrente, a CST, que prega abertamente os mesmos dogmas do PSTU. No entanto, o mesmo não acontece com a pré-candidatura de Plínio, pois setores do partido que reivindicam a trajetória do PSOL até aqui, inclusive a acertada tática de dialogar com Marina Silva, orbitam em torno de sua candidatura.

Estes setores que estão com Plínio, notadamente a APS e segmentos do Enlace, foram co-responsáveis pelas táticas eleitorais de 2006 e 2008 e também pelas táticas já percorridas até agora em 2010. E aqui se inicia um imbróglio. Estas táticas são chamadas pelo PSTU de políticas de direita.

Eduardo Almeida, dirigente do PSTU, escreveu recentemente um artigo cheio de delírios, mas que traz algumas verdades e franquezas, como esta conclusão sobre o Plínio: “Um giro à direita de Plínio para garantir o apoio das correntes majoritárias do PSOL (leia-se APS) à sua candidatura seria um erro político. A resultante seria outro Plínio, um candidato da esquerda com o programa da direita do PSOL. Essa postura inviabilizaria uma frente socialista, além de anunciar mais uma frustração para a base do PSOL, com a continuidade de seu rumo atual.” (http://www.pstu.org.br/nacional_materia.asp?id=11243&ida=22). Esta “direita” do PSOL a que Eduardo Almeida se refere é a corrente APS, que teria condicionado seu fundamental apoio ao Plínio mediante uma mudança no discurso e nas propostas do pré-candidato.

O PSTU deixa claro que só dialoga com o Plínio anti-candidato, com o Plínio que faz um balanço negativo da trajetória do PSOL, com o Plínio que quer fazer da sua campanha uma propaganda do socialismo. Ou seja, o PSTU não quer aliança com o PSOL, o PSTU quer uma aliança com o Plínio e com as correntes “de esquerda” do PSOL. Em melhor português: o PSTU quer, sem cerimônias e rodeios, dividir o PSOL, desmontá-lo, destruí-lo.

Esta situação estabelece uma contradição incontornável na pré-candidatura do Plínio, que estabelece que a unidade com o PSTU, que seria uma frente de esquerda, é uma das principais tarefas da sua possível candidatura. No entanto, para Plínio levar adiante esta sua tarefa prioritária ele terá que dizer não ao PSOL que existiu até aqui e refunda-lo em novas bases. Se Plínio, ao contrário, submete-se à “direita” do PSOL, estará dizendo não ao PSTU, e então seu discurso de pré-candidato dando centralidade para a aliança com o PSTU não teria passado de uma manobra para manter ao seu lado as correntes mais esquerdistas do PSOL.

O PSOL não pode correr o risco de ter um candidato a presidente com este nível de fragilidade e incoerência. A quem Plínio vai dizer não: à maioria do PSOL ou às suas correntes minoritárias e ao PSTU? Não é uma boa idéia deixar para conhecer esta resposta depois de nossa conferência.

A pré-candidatura de Martiniano Cavalcante tem inúmeras virtudes, mas certamente está entre as principais a coerência entre o seu discurso, sua prática e a curta história do PSOL. O PSOL precisa nesta campanha presidencial reafirmar sua história, reinvindicar suas vitórias, não abrir mão de seu patrimônio político. Somente desta forma, sem vergonha, mas com orgulho do que fizemos até aqui, poderemos estabelecer diálogos soberanos do nosso partido com os parceiros nesta caminhada eleitoral, sejam eles outros partidos, movimentos ou personalidades.

Martiniano presidente!

Edilson Silva é membro da Executiva Nacional do PSOL



domingo, 14 de março de 2010

Parto natural humanizado - isto é importante para a mulher -deveria ter em todos os Hospitais e Maternidades.

Artigos

Parto humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle do ritmo do seu corpo na hora de dar à luz

Grande parte das mulheres passam a gestação preocupadas com a hora do parto, afinal a própria palavra se tornou sinônimo de algo sacrificado, difícil e até mesmo doloroso. Mas será que a hora de receber o bebê aguardado por nove meses deve ser realmente traumátca? Para a enfermeira obstetra Andréa Porto da Cruz, não.

Com experiência na área de obstetrícia, a enfermeira é defensora do parto natural humanizado e diz que com este método a mulher pode ter total domínio do momento do nascimento. “O parto natural ou humanizado representa uma retomada do método antigo de dar à luz quando a mulher dita o ritmo do parto, ela escolhe como terá o bebê e quando ele nascerá”, diz Andréa.

A diferença entre parto natural humanizado e o parto normal é justamente a maneira como o processo é conduzido. No parto humanizado o atendimento é centrado na mulher, que é tratada com respeito e de forma carinhosa, podendo desfrutar da companhia da família, caminhar, tomar banho de chuveiro ou banheira para aliviar as dores. As intervenções de medicamento, aceleração do parto ou mesmo o tradicional corte vaginal acontece somente quando é estritamente necessário.

“Hoje o parto normal é mesmo um sofrimento. A mãe tem que ficar deitada todo o tempo em que está em trabalho de parto, geralmente com soro que acelera o processo, na hora do parto ela é removida para outra sala e recebe de qualquer forma o corte vaginal. Além de tudo isso ela não pode gritar, andar e muitas vezes fica sozinha durante este processo”, explica a enfermeira.

Alguns hospitais oferecem uma situação mais acolhedora na hora do parto, com quartos que são usados antes, durante e depois do parto, mas a também enfermeira obstetra Karina Fernandes comenta que para isso toda a equipe deve estar preparada e disposta para enfrentar o trabalho de parto no ritmo da mulher.

Karina acompanha partos em casa. Ela diz que a mulher que opta pelo parto natural deve estar disposta e consciente de que terá papel ativo no parto. A enfermeira, quando solicitada para este tipo de parto caseiro, acompanha a gestante desde o início das contrações até o nascimento e deve estar preparada para levar a gestante para o hospital caso o parto natural não seja realmente possível.

O grande medo de toda mulher é a dor. Sobre isso, Andréa explica que ela varia muito de pessoa para pessoa e que ela pode ser aliviada de forma natural, com massagens nas costas, aromaterapia, banhos de chuveiro ou de banheira. O tempo em que a gestante fica em trabalho de parto também pode ser variado. Em geral a primeira gestação leva em torno de 16 horas, já as demais o tempo chega a 12 horas.

Para que os casos de intervenção sejam minimizados existem alguns procedimentos que podem ser feitos antes de se optar pela cesárea. “Colocamos a gestante para fazer alguns exercícios em bola de parto e outros aparelhos para recolocar o bebê em posição para o parto. Vamos monitorando o tempo todo, com o partograma, que é um gráfico para avaliar a evolução do parto e no caso de necessidade de intervenção e em ultimo caso encaminhamos para a Cesárea”, diz Andrea.

Além do fator humano e sentimental o parto natural também oferece uma recuperação mais rápida para a mãe e menos risco para o bebê, isso por que ao nascer de parto natural ele corre menos risco de aspirar liquido e também de infecções.

Hoje no Brasil são realizados 80% de Cesáreas em hospitais particulares. Na rede pública este número cai para 35%, mas o número de nascimentos por parto normal ainda está muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que estipula uma média de 15% de cesáreas.

Érica Rizzi

Esta página foi publicada em: 10/03/2010.

http://guiadobebe.uol.com.br/parto/parto_humanizado_devolve_a_mae_o_controle_no_parto.htm

Paciência histórica e habilidade política: os desafios do PSOL em 2010

Bernardo Corrêa - Militante do MES/PSOL-RS

A importância da tática eleitoral

O debate instaurado no PSOL acerca da campanha eleitoral de 2010 nos remete à necessidade de revisitar alguns debates. Ao contrário do que muitos fraseólogos de esquerda afirmam sobre o caráter praticamente residual ou propagandístico da participação dos revolucionários nas eleições, a conquista do sufrágio universal e a possibilidade dos partidos operários apresentarem- se, foi saudada por Engels[1], como uma tática privilegiada, em especial no que se referiu à atividade do Partido Social-democrata alemão:

“O sufrágio universal existia na França há já muito tempo, mas tinha-se desacreditado devido ao emprego abusivo que o governo bonapartista fizera dele. Depois da Comuna não havia partido operário que o utilizasse. Também em Espanha ele existia desde a República, mas em Espanha a abstenção fora sempre a regra de todos os partidos sérios da oposição. Também na Suíça as experiências com o sufrágio universal não eram de modo algum encorajadoras para um partido operário. Os operários revolucionários dos países latinos tinham-se habituado a ver no sufrágio universal uma ratoeira, um instrumento de logro utilizado pelo governo. Na Alemanha, porém, as coisas eram diferentes. Já o Manifesto Comunista tinha proclamado a luta pelo direito de voto, pela democracia, uma das primeiras e mais importantes tarefas do proletariado militante, e Lassale retomara este ponto. Quando Bismarck se viu obrigado a introduzir o direito de voto como único meio de interessar as massas populares pelos seus planos, os nossos operários tomaram imediatamente a coisa a sério e enviaram August Bebel para o primeiro Reichstag Constituinte. E, desde esse dia, têm utilizado o direito de voto de um modo que lhes tem sido útil de mil maneiras e servido de modelo aos operários de todos os países”.

As “mil maneiras” às quais se referia Engels caracterizavam a combinação tática necessária entre o trabalho de agitação política e propaganda e também a combinação do trabalho legal e ilegal na qual Lênin, Trotski e os revolucionários russos foram os principais mestres. Tais táticas possibilitaram que o Partido obtivesse amplo apoio frente aos trabalhadores alemães e uma autoridade política enorme que fortaleceu o desenvolvimento de um amplo movimento sindical e político em torno da social-democracia alemã. Engels insiste nos ganhos da utilização da tática eleitoral e afirma de forma clara qual deve ser o intuito da participação nas eleições:

“...se o sufrágio universal não tivesse oferecido qualquer outro ganho além de nos permitir, de três em três anos, contar quantos somos; de, pelo aumento do número de votos inesperadamente rápido e regularmente constatado, aumentar em igual medida a certeza da vitória dos operários e o pavor dos seus adversários, tornando-se assim no nosso melhor meio de propaganda; a de nos informar com precisão sobre as nossas próprias forças assim como sobre as de todos os partidos adversários e, desse modo, nos fornecer uma medida sem paralelo para as proporções da nossa ação e nos podermos precaver contra a timidez e a temeridade inoportunas; se fosse esta a única vantagem do sufrágio universal isso já era mais que suficiente. Mas tem muitas outras. Na agitação da campanha eleitoral, forneceu-nos um meio ímpar de entrarmos em contacto com as massas populares onde elas ainda se encontram distantes de nós e de obrigar todos os partidos a defender perante todo o povo as suas concepções e ações face aos nossos ataques; além disso, abriu aos nossos representantes uma tribuna no Reichstag, de onde podiam dirigir-se aos seus adversários no Parlamento e às massas fora dele com uma autoridade e uma liberdade totalmente diferentes das que se tem na imprensa e nos comícios.

Muitos talvez digam que aí mora a natureza da capitulação da social-democracia e da Segunda Internacional (também teriam de comprovar a capitulação de Engels), o que comprovaria sua ignorância acerca da história das organizações políticas. O processo pelo qual passou a social-democracia alemã de acúmulo de forças conseguiu combinar as lutas sindical e política de maneira esplêndida. A traição dar-se-ia 20 anos depois, não pela participação no parlamento, ou pela disputa das eleições, mas pelo chauvinismo perante a guerra e o apoio aos créditos de guerra no parlamento alemão.

Ainda assim, sabemos que a justeza da tática eleitoral não substitui, em nenhuma medida, a necessidade da insurreição e do assalto ao poder. Esta é a estratégia de todos os revolucionários, a ruptura violenta da ordem capitalista e a instauração do Estado Operário.

O que é preciso compreender é que em períodos de refluxo das lutas sociais, similares ao que vivemos hoje no Brasil, a “guerra de posição” ganha proeminência sobre a “guerra de movimento”, para usar as expressões de Gramsci. Saber utilizar as “mil maneiras” de romper o cerco é uma arte que o marxismo ensina.

Os bolcheviques também nos aportam sobre o problema das eleições. Primeiramente em 1906, quando a eleição da primeira Duma significou uma manobra de estabilização pós-derrota da revolução de 1905, Lênin[2] defendeu o boicote às eleições em janeiro de 1906:

“Porque nós, no presente momento, não podemos acrescer nenhuma vantagem ao Partido por eleições. Não há liberdade de expressão ou de manifestação de controvérsias. O partido da classe trabalhadora é ilegal, seus representantes estão presos sem o devido processo legal, seus jornais foram fechados e suas reuniões proibidas. O Partido não pode, de forma lícita, divulgar seus objetivos nas eleições e publicamente nomear seus representantes sem traí-los entregando-os à polícia. Nesta situação, nosso trabalho de agitação e organização é muito mais útil em um uso revolucionário de nossos encontros sem tomar parte nas eleições participando em encontros permitidos para eleições dentro da lei”.

Em 1920 no II Congresso da Internacional Comunista foram aprovadas as teses sobre a questão parlamentar. Algumas passagens são bastante úteis para a compreensão da tática eleitoral:

“...A participação nas campanhas eleitorais e a propaganda revolucionária do cimo da tribuna parlamentar têm uma importância particular para a conquista política dos setores da classe operária que, como as massas trabalhadoras rurais, permaneceram até então, afastadas da vida política”.

“Por conseqüência, reconhecendo a necessidade de participar, em regra geral nas eleições parlamentares e nas municipalidades, o Partido Comunista deve decidir a questão em cada caso concreto, tendo em conta as particularidades específicas da situação. O boicote das eleições e do Parlamento, assim como a saída do Parlamento, são sobretudo hipóteses admissíveis em condições que permitam a passagem imediata à luta armada para a conquista do poder”.

Sabendo do caráter secundário da ação parlamentar frente à ação de massas, a utilização das eleições deve servir, em primeiro lugar, como um termômetro (distorcido) de nossas forças. Não estamos em um momento onde prevalece a necessidade da propaganda socialista, pois não se trata de uma medição de idéias ou valores. Tampouco vivemos um regime de restrições às liberdades democráticas que justificasse um boicote ou mesmo uma anticandidatura. Participaremos de uma eleição que será uma medição de forças na qual não está colocada abertamente a questão do poder.

Ainda que sejam necessários alguns elementos de propaganda e a afirmação dos nossos objetivos socialistas, o fundamental é apresentar determinadas medidas concretas que respondam às necessidades do povo e agitar a importância da mobilização dos trabalhadores para a sua realização. A credibilidade de um programa de tarefas concretas ao movimento dos trabalhadores confunde-se com a credibilidade da direção política que deve levá-lo à frente, ou seja, o Partido. Este é o ponto central do debate que estamos fazendo no PSOL.

O imobilismo lulista, o ceticismo e o isolamento voluntário de Plínio

Apesar da traição do PT no combate à burguesia brasileira, o peso do lulismo e do petismo fazem com que haja dois fenômenos que se combinam. Por um lado, os “movimentos sociais autênticos” que, segundo Plínio Arruda Sampaio, “falam diretamente com as grandes massas e, portanto, podem nos transmitir suas aspirações” tem suas direções cooptadas pela direção petista e, ao contrário de poder nos transmitir as aspirações do movimento de massas, atuam sobre suas bases transmitindo as aspirações do governo e amortecendo as lutas sociais. Ainda que no movimento camponês este processo seja mais contraditório do que no sindical e estudantil, a declaração de João Pedro Stedile adiantando que o MST fará uma ampla campanha anti-Serra, não passa de um apoio tímido ao PT. Portanto, seria equivocado encontrar nesses movimentos hoje, sem que haja nenhum deslocamento de suas direções ou mesmo um desprendimento de suas bases, o sujeito social do combate ao projeto social-liberal de Lula e muito menos o sujeito político privilegiado da construção do PSOL. A unidade de ação com o conjunto dos movimentos da classe é uma busca constante de nosso partido, no entanto, não se pode ter uma política seguidista das direções destes movimentos. Ao não compreender isso, Plínio incorre no seu pior erro que é secundarizar a importância do PSOL.

O segundo fenômeno é o ceticismo da população com a política. De certa maneira também é subproduto do primeiro, pois quando os movimentos sociais e populares fragmentam sua política em uma colcha de retalhos de demandas específicas (econômicas, culturais, etc.) o próprio governo e o PT acabam sendo representação do projeto político mais global. Evidentemente que a podridão do regime, as alianças da base do governo Lula e a corrupção descarada reforçam o ceticismo. Ainda assim, é importante compreender a dimensão contraditória do ceticismo do povo. A mídia e a classe dominante tratam de se utilizar da indiferença com as decisões políticas por parte da população para fazerem seus negócios às escuras. Mas, por outro lado, não é muito útil aos socialistas revolucionários que haja uma referência na estabilidade do regime ou que este seja visto como algo positivo. A política do ponto de vista dos revolucionários é uma atividade de emancipação das amarras do Estado enquanto que a crença nas instituições do regime significa exatamente o oposto. Contudo, o regime segue forte e o governo dirige a estabilidade com um discurso que tem tanto de simpático para o povo quanto de reacionário ao convencer amplas massas de que o melhor cenário para a mudança é o “consenso”, o “diálogo” e outras variantes da conciliação de classes.

Como decorrência deste contexto, a principal tarefa é afirmar o PSOL, disputar a credibilidade e a viabilidade do projeto de superação do PT enquanto direção da classe trabalhadora. Para fazer isso, necessariamente precisamos responder aos dois fenômenos supracitados, ou seja, mais do que palavras de ordem de caráter sistêmico precisamos responder ao regime e ao governo neste momento. Nesse aspecto, o mais importante é a denúncia do regime através do tema da corrupção e um programa de governo antiimperialista, anticapitalista e de defesa dos direitos dos trabalhadores e do meio ambiente. Pois Plínio insiste em errar e se apresenta como um anticandidato reforçando a idéia (seja petista, seja cética) de que não há viabilidade para o PSOL. Como programa apresenta palavras de ordem abstratas que confortam a intelectualidade e animam uma minúscula vanguarda. Uma política que não disputa com o PT ou com o PSDB, mas com o PSTU que não precisamos dizer o peso social que tem.

Na situação em que vivemos qualquer política de esquerda que tenha como centro a vanguarda tende a isolar o PSOL e, conseqüentemente, favorecer o PT. Isto porque aos olhos do movimento de massas o projeto petista aparece como “menos pior” ou, no mínimo, mais factível. Ou seja, nosso propagandismo ajuda o PT invariavelmente.

Plínio errou, ainda, em se afastar ainda mais das principais características fundacionais do PSOL: em sua entrevista à revista Carta Capital, elogia Lula, elogia Serra e não deixa claro que projeto representam e quais suas semelhanças. Joga seu arsenal contra Marina Silva sem o mínimo de diálogo com as posições pró-Marina que envolve, em grande parte, os que estão buscando uma alternativa à ciranda conservadora de PT e PSDB. Ao não reivindicar o capital político de Heloisa Helena e atacar a direção do PSOL publicamente, mais uma vez joga água no moinho do lulismo e desmoraliza a construção de uma alternativa.

É preciso compreender que o PSOL, definitivamente, não nasceu para ser conselheiro de esquerda do PT. O PSOL precisa derrotar o PT, disputando os setores que se deslocam (como foi em 2003, em 2005 e também na política sobre Marina) e buscando a liquidação de seu núcleo dirigente. Sem essa premissa, disputar o poder no Brasil não passa de ilusão.

Martiniano a alternativa do PSOL em defesa da Esquerda Socialista e Democrática

Ainda que alguns se incomodem com tal afirmação, ainda não há notícias de nenhuma revolução socialista vitoriosa em um país democrático-burguê s. A combinação de tarefas imediatamente democráticas com as tarefas socialistas é recorrente nas revoluções. Logo, é preciso fazer um debate sobre a possibilidade dos regimes burgueses em serem conseqüentes com as tarefas postas. O debate entre Rosa Luxemburgo e Lênin acerca das possibilidades da revolução alemã, entre o Partido de vanguarda e o Partido de massas, a bem da verdade, ainda não foi resolvido pela história. A busca por uma síntese é tarefa dos que lutam hoje pela revolução. Se for verdade que a história não se repete a não ser como farsa ou tragédia, também é verdade que as revoluções também não respondem a fórmulas prontas e modelos estanques.

No Brasil, um país que é marcado pelas “soluções por cima”, quais os limites da democracia burguesa? O PT ensaiou uma formulação de “radicalização da democracia”, mas não foi conseqüente por suas ilusões no Estado burguês e pela estratégia da conciliação. Mas será que está esgotada a necessidade de lutas democráticas com o esgotamento do PT? Opinamos que não. As mesmas oligarquias que negociaram as “soluções por cima”, hoje estão na base do governo Lula e se utilizam de diversos expedientes entre os quais a corrupção é um dos mais conhecidos. Se olharmos para a América Latina com Chávez, Correa e Evo Morales, ou mesmo o golpe em Honduras, mais ainda se reforça a tese de que não estão esgotadas as tarefas democráticas e ainda menos a utilização das eleições para um processo de empurrar a legalidade para o limite da ilegalidade, como na fórmula de Engels: “Só poderão levar a melhor sobre a subversão social-democrata, a qual neste momento vive de respeitar as leis, pela subversão dos partidos da ordem, a qual não pode viver sem violar a lei”. Faz parte desse programa a luta antiimperialista que deixe claro o lado que assumimos na América Latina em defesa do processo bolivariano. No programa apresentado por Plínio sequer esta posição fica clara.

Nossa luta contra a corrupção tem sido um dos pontos altos do PSOL, pois combina a denúncia do regime com a indignação popular e tem capacidade de mobilizar os trabalhadores e os setores médios, além de ser o elo mais aparente entre PT e PSDB. Isso não pode ser abandonado em períodos eleitorais. Pois no programa da pré-candidatura de Plínio nada consta sobre este tema.

A propaganda socialista em nenhuma medida pode prescindir da agitação política. Por isso, o programa que apresentamos não pode ser uma bela carta de intenções abstratas ou uma declaração de amor ao socialismo. Nosso trabalho consiste, fundamentalmente, em encontrar brechas na ordem para fomentar a superação desta ordem. Reformas substanciais em nosso país, não acontecerão sem combates duros e massificados. Lutar por elas não é iludir os trabalhadores de que possa haver um capitalismo mais humano, mas, essencialmente, desmascarar a classe dominante e seu sistema que não pode conceder para manter suas taxas de lucro. Contraditoriamente à verborragia socialista, as reformas propostas por Plínio assentam-se na Reforma Agrária através de créditos e minifúndios e uma reforma da educação que baseia-se na estrutura educacional voluntarista da Igreja. Ou seja, confusas e recuadas frente ao que o PSOL acumulou (crítica do capital financeiro, corrupção, reformas sociais estruturais, etc.).

Justamente por essa falta de clareza estratégica e pelos inúmeros erros táticos é que Plínio, apesar do respeito aos seus muitos anos de militância, não pode ser porta-voz do PSOL nas eleições de 2010, e, por outro lado, estes são os principais atributos de Martiniano. Por vezes, ouvimos alguns militantes falar do prestígio de Plínio, da densidade eleitoral de Plínio etc. relegando a pré-candidatura de Martiniano a um movimento “internista”. Pois temos certeza que os objetivos da pré-candidatura de Plínio são fundamentalmente internos ao PSOL. Uma luta pela direção do partido. Não fosse assim, não teria porque um dos eixos das falas públicas de Plínio ser a diferenciação com a direção do PSOL e com nossa presidenta Heloísa Helena!

Outro argumento recorrente é que a candidatura de Plínio seria a garantia da “Frente de Esquerda” e de uma maior densidade eleitoral. Ambos são falsos, primeiro que em nada está garantida a Frente de Esquerda, não por uma decisão do PSOL, mas porque na ausência de Heloisa Helena PCB e PSTU vão buscar ocupar esse espaço, já o disseram e escreveram. Segundo, o perfil de Martiniano mais próximo de Heloisa Helena, seu desempenho nos debates se opõem ao perfil de anticandidatura apresentado por Plínio. Evidentemente, isso pode ajudar no desempenho do PSOL nos estados e nos permitir um saldo político muito mais palpável do que os “núcleos socialistas” propagandeados por Plínio.

Por fim, o partido nunca segue imune às pressões sociais e os fenômenos que citamos também atuam sobre nós. Se uma “reconfiguração” do PSOL refletir a pressão do ceticismo na forma do propagandismo podemos nos tornar algo como o PSTU. Por outro lado, se a pressão do lulismo significar nossa posição de conselheiro de esquerda do PT estaremos renegando a fundação do PSOL. Se as duas estiverem coadunadas em uma candidatura, no espírito da fraternidade comunista que nos é comum, não hesitaremos em combater. Milhares de militantes que lutaram pela legalização da sigla e milhões que assinaram para a existência legal do PSOL, não podem aceitar a desmoralização, seja qual forem as intenções que a movem.

Das revoluções que conhecemos a mais famosa é a revolução russa, que foi feita sob a palavra de ordem Paz, Pão e Terra, perfeitamente combinada a uma profunda rebelião popular. Só pode chegar a esse grau de síntese um partido com vínculos orgânicos com os trabalhadores e uma incontestável autoridade sobre o movimento de massas. A simplicidade daquela palavra de ordem revela (e não esconde) sua amplitude de poder. Se bradassem “socialismo!”, pura e simplesmente, talvez os bolcheviques não tivessem erguido o primeiro Estado Operário do mundo. Quando as condições permitiram, tiveram a paciência e a habilidade de explicar às mulheres, aos soldados, aos camponeses e aos operários que só teriam terra, pão e paz se lutassem pelo socialismo.

Nossas condições são outras, mas não por isso devamos ter menos paciência histórica e habilidade política. Martiniano Cavalcanti é a representação das duas.

Martiniano Presidente! Em defesa da Esquerda Socialista e Democrática!