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sábado, 29 de agosto de 2009

A recuperação econômica dos Estados Unidos é real?

Economia e Infra-Estrutura
Cira Rodríguez César
Dom, 23 de agosto de 2009 16:20

Havana (PL) ─ A economia dos Estados Unidos se contraiu a uma taxa anual de quase 6% entre setembro de 2008 e março de 2009, queda impactante que propiciou uma recessão global pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Mas o retrocesso de apenas 1% no segundo trimestre do corrente ano foi considerado pelo Departamento de Comércio como uma taxa que melhora a média dos dois trimestres anteriores e um sinal de que a crise vai ficando para trás e que a economia começa a se estabilizar.

Não obstante, há suficientes razões para por em dúvida esse otimismo e pensar em se é real ou fantasmática a recuperação.

Depois dessas noticias, o presidente estadunidense, Barack Obama, indicou que a recessão que castiga o país diminui sua intensidade, "com o que se pode afirmar que o país está saindo da crise", apontou.

Também houve um comportamento positivo nos distintos índices das bolsas desse país, as vendas cresceram durante três meses consecutivos e a bolsa de valores ascendeu 44% desde março, graças ao renovado otimismo e melhoras nos lucros de grandes empresas como Goldman Sachs e Apple.

Em junho, sete dos 10 indicadores no Índice Líder da Conference Board (instituição fundada há 90 anos para apoiar o setor privado) tiveram uma tendência ascendente, incluindo as horas trabalhadas na indústria manufatureira.

Enquanto o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial coincidiram em que o pior da crise já passou nos Estados Unidos, incrementando a confiança nos mercados internacionais.

Há que recordar que segundo o Escritório Nacional de Investigação Econômica (uma entidade sem fins lucrativos que determina quando os Estados Unidos caem em recessão), o declive atual começou há quase 20 meses, exatamente em dezembro de 2007.

Segundo seus cálculos, o descenso observado pelo PIB norte-americano desde então é o mais profundo desde a crise de 1957-58 e a diminuição no patrimônio pessoal resultou a mais forte desde a Grande Depressão.

Como é sabido, a economia estadunidense é chave para o resto do planeta por ser a maior do mundo, razão pela qual qualquer sintoma que incida a favor ou contra a atual recessão preocupa ou alegra o resto das nações.

Sem embargo, nenhum desses elementos são suficientes para aumentar a confiança dos consumidores, porque entre outras coisas o desemprego baixou de 9,5 a 9,4% no segundo trimestre, cifras não vistas nesse país desde o começo da década dos anos 1980.

O grave é que muitos analistas argumentam que essa taxa piorará, devido a que as empresas não queiram incorporar mais trabalhadores até que efetivamente a economia se reative.

De acordo com economistas da Universidade de Nova Iorque, nessa nação mensalmente 100 mil pessoas se inserem no mercado laboral, razão pela qual desemprego se eleva quando não são incorporados esses novos demandantes de trabalho.

Se se compara o desemprego de agosto deste ano com o de dezembro de 2007, se observa que quase sete milhões de estadunidenses perderam suas ocupações nesses meses.

Hoje, depois de 20 meses de recessão nos Estados Unidos, que passou a ser mundial no verão de 2008, os analistas afirmam que é a pior recessão ocorrida nessa nação e no mundo em 60 anos.

Por isso, e apesar de muito otimismo, os dados reais indicam que a recuperação não será tão rápida e que existe o perigo de uma recaída.

Assim o demonstram o aumento do desemprego, a redução do consumo das famílias, o descenso da produção industrial e a debilidade do mercado de habitação.

Em análises ajustadas à realidade, inclusive de outras economias desenvolvidas, os observadores afirmam que falta muito pouco para tocar no fundo, mas ainda não se chegou lá.

A maioria das economias dos países em ascenso podem estar voltando ao crescimento, mas seus resultados são muito inferiores a seu potencial.

Ademais, por diversas razões, é provável que o crescimento nas economias avançadas siga sendo anêmico e muito inferior ao normal durante ao menos um par de anos.

Não se pode esquecer que o sistema financeiro - tanto os bancos como as entidades não bancárias - está gravemente prejudicado.

A falta de um crescimento sólido do crédito obstaculizará o consumo e o gasto em investimentos.

Tampouco se deve esquecer que os preços do petróleo, da energia e dos alimentos estão aumentando mais rapidamente do que os dados econômicos fundamentais e podem crescer ainda mais pelo desvio de liquidez acumulada para a caça de ativos e para a demanda especulativa.

Por exemplo, no ano passado, o cru a 145 dólares foi um ponto de inflexão para a economia mundial, ao gerar uma grave crise de renda para Estados Unidos, Europa, Japão, China, Índia e outros países importadores de petróleo. Daí que, se os especuladores conduzem o petróleo rapidamente aos 100 dólares por barril, a economia mundial, apenas recuperada de seu estancamento, não poderia suportar outra contração.

Outro dado que aponta que a recuperação não é tal como se diz é o fato de que, segundo uma recente enquete, 57% dos estadunidenses desconfia do pacote de estímulo econômico de 787 bilhões de dólares, aprovado pelo presidente Obama.

A pesquisa, publicada pelo diário USA Today, indica que a maioria das pessoas consideram que a ajuda financeira governamental ou bem não teve impacto na economia ou piorou a situação.

As opiniões mostram que é difícil a Casa Branca convencer a opinião pública de que o programa de reanimação impediu uma maior deterioração da economia do país.

De acordo com a consulta, 51% dos consultados cree que o governo deve gastar menos em estímulos.

Enquanto 31% entende que a quantidade está bem aplicada, um grupo significativo se mostrou preocupado com a possibilidade de que se desperdice esse dinheiro.

O pacote de estímulo aprovado no princípio do ano contém uma partida de 288 bilhões de dólares para descontos fiscais.

Além disso, designa 499 bilhões em novos gastos, grande parte deles destinados a cobrir o desemprego e outros serviços sociais.

Para uma elevada porcentagem dos interrogados e muitos economistas, se não fosse o pacote de estímulos, a crise teria sido pior, ainda que difiram em estimar de quanto deveria ter sido a ajuda para melhorar a situação.

Outros pensam que é muito cedo para julgar se a enorme aposta fiscal e a política aplicada darão resultado, enquanto asseguram que corresponde ao governo liderar.

Não obstante, reconhecem que o programa de estímulo penetrará na economia com lentidão e nunca será suficiente para compensar toda a riqueza e os empregos perdidos em dois anos.

Cira Rodríguez César é jornalista da redação econômica da Prensa Latina

http://www.socialismo.org.br/portal/economia-e-infra-estrutura/101-artigo/1090-a-recuperacao-economica-dos-estados-unidos-e-real

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