Transexuais e travestis merecem respeito!

No dia 28 de junho, celebrou-se o Dia Internacional de Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTT).  A data remete ao dia da primeira manifestação em massa realizada por pessoas LGBTT, que ocorreu em 28 de junho de 1969 no bar Stonewall In, em Nova York. Cansados/as de serem humilhados/as e reprimidos/as, centenas de freqüentadores/as do bar (homossexuais e travestis),  ao invés de se submeterem à arbitrariedade e à violência costumeiras, reagiram corajosamente à invasão do espaço pela polícia nova-iorquina aos gritos de Gay Power! Gay Pride!  Atualmente, o dia 28 de junho é em todo mundo um dia de luta por visibilidade e direitos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em São Paulo, no dia 6 de junho de 2010, ocorreu XIV Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, uma das mais importantes de todo o mundo, com presença de milhões de pessoas. Um evento ao mesmo tempo festivo e político, costumeiramente pacífico e com a marca da diversidade. Católicas pelo Direito de Decidir aproveita esse período para, mais uma vez, apoiar solidariamente a luta das todas as pessoas LGBTT, mas neste ano gostaríamos particularmente de trazer uma reflexão sobre a realidade de pessoas travestis e transexuais. Católicas pelo Direito de Decidir repudia fortemente  toda a enorme violência a que travestis e transexuais são submetidas/os, tendo seus direitos humanos básicos violados cotidianamente, especialmente o direito de ter uma vida livre de qualquer tipo de violência. Não há motivo nenhum que justifique a crueldade que submete milhares de pessoas trans em nosso país. Por que será que as pessoas se sentem autorizadas a humilhar travestis e transexuais nas ruas? Por que será que nos calamos ao presenciar tamanha injustiça e violência? Por que será que a sociedade pactua com a discriminação que agride, fere e mata? Talvez a razão seja a mesma pela qual permitimos que as mulheres sejam cotidianamente desqualificadas, ridicularizadas e agredidas, tendo seus corpos usados e abusados, descartados quando não interessam mais. Talvez seja por isso que não nos mobilize saber que 10 mulheres são assassinadas por dia em nosso país, segundo o Mapa da Violência no Brasil 2010. É pelo exercício do biopoder (que esquadrinha, controla e normatiza os corpos por meio da medicalização e da judicialização) que perdemos autonomia, dignidade e -  não, por acaso - poder por causa do gênero. Portanto, a desigualdade de gênero existente em nossa sociedade, muito bem alicerçada em um ideário religioso e conservador, é uma das principais bases do preconceito que enfrentam travestis e transexuais. Católicas pelo Direito de Decidir,  buscando contribuir para mudar uma realidade intolerável de discriminação e violência, apóia o movimento internacional pela despatologização de travestis e transexuais. Considerar travestis e transexuais como doentes é um anacronismo que ainda persiste em códigos médicos como CID, DSM e outros. Esses manuais que orientam a atuação de profissionais da saúde precisam urgentemente ser atualizados, pois, pela autoridade com que se revestem, são fonte de preconceito e discriminação de transexuais e travestis, impedindo que exerçam seu direito à cidadania e à dignidade humana. Assim, juntamente com a comunidade LGBTT, vimos a público mais uma vez para expressar nossa indignação diante qualquer tipo de preconceito e discriminação e para pedir que toda a nossa sociedade reflita, tome consciência e mude imediatamente, porque é necessário que travestis e transexuais sejam tratadas/os por todos/as com respeito e dignidade. E já! http://www.catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=998