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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Roberto Robaina comenta o debate dos pré - candidatos do PSOL.

O debate dos pré-candidatos do PSOL

Estive no debate dos pré-candidatos do PSOL no Rio de Janeiro. Entre as distintas análises que serão feitas deste momento de disputa dos rumos
do PSOL e de escolha do seu representante para o pleito nacional, tenha certeza
de que pelo menos uma questão todas terão em comum: foi impressionante, e
tremendamente positivo - e para a maioria das pessoas surpreendente - a grande
participação da militância. Uma demonstração da força do PSOL no Rio de Janeiro,
expressa também no mandato do deputado Marcelo Freixo e pelas recentes
filiações do músico Marcelo Yuka e do ex BBB Jean Willis. O auditório do
Sindicato dos Previdenciários, no belo bairro da Lapa, estava lotado. O ar
condicionado não deu conta. Foram mais de 500 militantes que em plena véspera de
feriado carnavalesco – e no Rio já de fato em carnaval – compareceram e
escutaram atentamente os três pré-candidatos, Plínio, Babá e Martiniano pela
ordem das exposições.

Antes deles, o mediador Leo Lince convocou as forças de cada candidatura a destacar um integrante para apresentar e defender seu pré-candidato. Plínio foi apresentado
por Milton Temer, Babá pelo sindicalista de São José dos Campos, o químico
Cabral, e Martiniano por Heloísa Helena.

Heloísa usou a palavra e logo disse que não aceitou a oferta que lhe fizeram para que ela falasse na condição de presidente porque neste caso era especialmente importante que ela deixasse absolutamente claro que
tem lado na disputa: a defesa do nome de Martiniano. Não queria, portanto, falar
em nome de todos. Queria defender Martiniano Cavalcante. De minha parte creio
que foi o ponto mais alto e mais significativo de toda a discussão. Afinal, e já
começando uma análise política do que está em discussão, Heloísa Helena sabe que
esta batalha interna expressa uma luta para dar continuidade e desenvolver o
trabalho iniciado com a fundação do PSOL. Defender o caráter fundacional do
partido foi o principal motivo de sua clara opção por Martiniano.
Vou pedir que você me acompanhe neste texto se estiver interessado nos rumos do PSOL.
Afinal, é isso que está em discussão, embora este debate nem começou agora nem
vai se encerrar na

Conferência eleitoral nacional, independente de qual seja o seu resultado. Sobre o debate iniciado no RJ, de minha parte não tenho dúvidas de que Martiniano fez a melhor exposição. O mais contundente, o mais firme, o
que se demonstrou com mais condições de representar o acúmulo programático e
político do PSOL. Demonstrou ser quem melhor pode nos representar nos programas
e, sobretudo, nos debates de TV, que será o momento mais alto da participação do
partido no pleito nacional. Que fará uma campanha com condições de “peitar”
Dilma e Serra e divulgar a legenda do PSOL.
Dito isso, acrescento o que é óbvio: todos os representantes das pré-candidaturas vão dizer que seu candidato
ganhou o debate. Este roteiro também eu cumpro à risca. Afinal, todos que me
conhecem sabem que estou entre aqueles que participam da vida do partido
expressando e defendendo posições, não me escondendo ou dissimulando ideais.

Por isso faço uma sugestão a todos e todas camaradas psolistas: assistam o vídeo; acessem no you tube (e creio que nestas horas já podem encontrá-lo também no
site da camarada Luciana Genro, com que embarquei de Porto Alegre para juntos
presenciarmos este primeiro debate de preparação da conferência eleitoral do
PSOL). Então, assistam as exposições e tirem suas próprias conclusões.

Para sustentar a minha, me apoio não apenas no debate de ontem. Penso também que a carta aberta que Martiniano apresentou a todos e todas militantes do partido
mostra que ele está melhor preparado. Trata-se de um documento político que
ordena corretamente as tarefas da campanha nacional do PSOL.

Peço que todos os militantes leiam com atenção este excelente documento e leiam também os documentos de lançamento dos outros dois pré-candidatos. Nestes textos
mais do que em qualquer outra forma cada um terá ótimas condições de escolher o
melhor caminho para o partido. De minha parte estou com Heloísa
Helena.

Acreditando que todos acessaram o vídeo, não vou resumir nenhuma fala e me detenho apenas em considerações de algumas questões. Uma questão me chamou a atenção. Os dois candidatos que entraram na discussão, na
polêmica, que na sua fala deixaram claro que propostas representam foi Babá e
Martiniano.

Babá passou o tempo todo atacando o PV e a direção do PSOL, acusando a direção do Rio de Janeiro de burocrática e responsabilizando a candidatura de Martiniano como
responsável de todos os problemas do partido. Seu centro, como, já disse, foi
atacar a possibilidade que havia se aberto de apoiar Marina casa ela aceitasse
ser u ma candidatura de enfrentamento à polarização conservadora do PT e do
PSDB.

Mas na fala de Babá não existiu nenhuma análise da correlação de forças, do peso do governo, da situação da economia real, das experiências dos governos latino
americanos de Evo Morales e Chavez. Nenhuma palavra.
Mas o que me chamou atenção foi que Babá se dedicou a atacar a pré-candidatura de Martiniano.
Parecia, sinceramente, uma candidatura encomendada para que Plínio falasse sobre
o humano e o divino e não entrasse na polêmica real enquanto Babá mostrava,
supostamente, as garras do combate.

Digo supostamente porque a intervenção do Babá ficou nisso: ataque a Marina, como se esta questão já não estivesse resolvida. Mas quando me revelo surpreso é pelo
fato de que Babá pessoalmente, dias antes do debate, havia me dito que não
gostaria de polemizar com Martiniano. Me disse que respeitava muito Martiniano,
que havia fundado o PSOL junto com ele e que a candidatura que ele considerava
inaceitável era a candidatura de Plínio pelo fato de Plínio – com todo o
respeito que merece – não representar este acúmulo da fundação. Estes eram os
argumentos de Babá. Argumentos, inclusive, que segundo ele justificavam o
lançamento do seu nome. Não foi isso o que ele disse no debate. Revelou-se, mais
uma vez, como orgulhosamente reivindica, um homem de corrente. Neste caso a CST,
que tem como centro atual de sua tática interna atacar o nome de Heloísa Helena
e que tem como definição de que a direção do PSOL tem uma maioria reformista que
deve ser derrotada.

Assim, com a fala de Babá, percebi que a primeira expressão pública da campanha de Babá pode ter sido o seu início e o seu final ao mesmo tempo. Se Babá sustentar sua campanha com base nos argumentos que ele
dizia que o motivaram a lançá-la, então seu nome sairá fortalecido independente
do resultado numérico da votação. Se sua campanha seguir na linha da CST – que
até agora fez de tudo para isolar o nome de Babá - tudo indica que seu nome será
no final retirado da disputa e sua função pró-Plínio revelada neste primeiro
debate se desdobrará na derrota política de Babá que aceitará se anular como
líder público em nome de idéias marcadas pelo dogmatismo e do sectarismo. Estas
nas mãos de Babá decidir esta questão.

Na sua intervenção Martiniano corretamente tentou sintetizar sua carta ao partido. Reivindicou que foi correta a tática de abrir negociações com Marina e disse que
esta política foi a expressão da velha política das cartas abertas e de
exigências preconizadas por Lênin. Disse que esta política é a que nos permitirá
no debate de TV dizer claramente para Marina uma idéia que transcrevo livremente
“ Marina, nós do PSOL queríamos nos unir com você para construir uma alternativa
ao PT e ao PSDB/DEM, mas você se recusou a esta união e escolheu se aliar ao
PSDB. Por isso os que querem um país melhor, que não concordam nem com Dilma e
nem com Serra devem vir juntos com o PSOL, votar no 50 de Heloísa Helena” Não há
dúvida de que esta abordagem nos dá força para enfrentá-la.

Martiniano também defendeu a unidade com o PSTU e a Frente de esquerda. Mas não vendeu a idéia fácil de que a aliança esta resolvida. E deixou claro que nossa prioridade é a legenda do PSOL. Aliás, todos
os pré-candidatos que dizem querer a aliança com o PSTU precisam começar a dizer
o que estão dispostos a ceder para concretizar esta aliança. A campanha de
Plínio, por exemplo, precisa dizer se vai defender que a cabeça de chapa em SP
será ou não do PSTU.

O que não pode é propagar algo que está longe de ocorrer, a saber, que o nome escolhido pelo PSOL é o que facilita realizar a composição ou não com o PSTU.
Aliás, se fosse para dar um nome não tenho dúvida de que Martiniano, pelo seu
peso interno no PSOL, teria mais condições de conduzir as negociações capazes de
realizar a coligação. Mas nem isso pode garantir de antemão ter o PSTU nem o PCB
ao nosso lado.

Na exposição de Martiniano, o companheiro apresentou uma crítica às declarações de Plínio na revista Carta Capital. Plínio nesta entrevista diz que o governo de
Lula foi muito melhor do que o de FHC e de que Lula é um homem autêntico, que
sente de verdade os problemas do povo, destacando características humanas que
fortalecem a imagem de um líder de massas respeitável. Quem assistir ao vídeo
talvez me acompanhe na posição de que Martiniano depois de ler a citação de
Plínio não desenvolveu, por falta de tempo, a conclusão fundamental, isto é, de
que o candidato do PSOL não pode ser um comentarista que diz se um governo foi
melhor que o outro ou se ele é amigo do Serra ou da Dilma, mas destacar o
caráter nefasto do PT e do PSDB, mostrar de modo claro que precisamos de uma
alternativa, de que tanto PT quanto o PSDB são projetos vinculados com os
bancos, com os grandes empresários e particularmente com mega esquemas de
corrupção.

Mas Martiniano foi além. Teve a ousadia de abordar temas complexos: correlação de forças entre as classes, relação da insurreição com a revolução, modelo de
produção e de consumo. Infelizmente, os outros candidatos estiveram longe disso,
ou os abordaram apenas superficialmente. De minha parte, embora concorde com a
análise que a correlação de forças é desfavorável, tal como disse Martiniano no
debate, exigindo, portanto, mais do que nunca, a política como arte para
transformar a realidade, a mediação como categoria fundamental na elaboração da
tática, sustento também que existem inúmeras oportunidades que estão abertas
para os revolucionários.

Ademais, mesmo com a correlação de forças sendo desfavorável, por conta, sobretudo, da confusão na consciência das massas, pela falta de uma alternativa política socialista e pela própria descrença na
possibilidade da existência de uma alternativa, temas tocados por Martiniano,
estamos num momento muito mais favorável do que outros momentos da
história.

A classe trabalhadora e a humanidade, por exemplo, derrotaram o nazismo. Depois disso, foi pela ação da classe trabalhadora que inúmeras reformas sociais foram
conquistadas na Europa e aqui, na nossa América Latina, foram os trabalhadores
os sujeitos sociais fundamentais da derrota das ditaduras militares genocidas.
Agora, também em nossa América Latina, os trabalhadores e as classes médias
empobrecidas conquistaram governos nacionalistas e democráticos na Venezuela e
na Bolívia, mostrando que surgiu uma corrente nacionalista revolucionária que
não se via no continente desde a revolução cubana.

Estes governos não existiriam sem a combinação de conquistas democráticas e levantes de massas, inclusive insurreições populares. Baixado a terra para o Brasil, a
própria possibilidade do PSOL, na esteira do acúmulo de três décadas da esquerda
que a própria existência do PSOL não permitiu que se perdesse de todo, mostra
que a correlação de forças, embora desfavorável, nos coloca brechas para atuar e
crescer, fortalecendo um pólo socialista.

Heloísa Helena segue sendo a personificação e símbolo deste acúmulo, não o único, mas o principal. Martiniano, aliás, é o único pré-candidato que percebe a importância desta liderança que conecta o PSOL hoje
com a possibilidade de realmente disputar as massas e, portanto, de se colocar
como alternativa de luta pelo poder.

Finalmente, a crise econômica capitalista mostra que, apesar da continuidade da defensiva das idéias socialistas, o capital também está deslegitimado – ou se deslegitimando -como modo de produção capaz de
reproduzir a sociedade em constante progresso material. Traz cada vez mais
desigualdade e destruição. A crise iniciada em 2007 apenas está dando seus
primeiros passos e abriu, provavelmente, todo um período histórico novo capaz de
recolocar a ofensiva socialista na ordem do dia. É óbvio que isso não se
desenvolverá sem partido e sem política concreta que parta da análise concreta
da situação e concreta e da relação de forças entre as classes. Martiniano teve
a ousadia de entrar nestes temas.

Vamos todos seguir desenvolvendo-os. No que diz respeito à política, Martiniano reafirmou a importância da luta contra a corrupção. Plínio, mais uma vez, não
disse nada sobre isso. Parece desconhecer a vida do PSOL gaúcho que se
fortaleceu em 2009 por ser o campeão da luta contra o governo corrupto do PSDB.
Parece desconhecer a importância do PSOL do Distrito Federal, que com a direção
de Enrique Morales, Toninho e Maninha, estiveram na linha de frente do combate
contra Arruda, o que fortaleceu o PSOL no Distrito Federal e nos abriu novas
oportunidades. Martiniano mostrou não desconhecer a importância destas
políticas.

Para finalizar quero comentar uma metáfora feita por Plínio acerca da correlação de forças entre as classes, aliás a única abordagem que fez
sobre o assunto. Plínio bem humorado fez a metáfora da experiência com ratos que
correm atrás de um queijo colocado a frente deles e que, justo na hora em que o
queijo vai ser agarrado, o pesquisador tira o queijo e o rato se frustra. O rato
tenta uma vez, quando vai pegar o queijo , o queijo é tirado. Na segunda, idem.
Na terceira, idem. Na quarta, o queijo é posto na frente para que o rato corra
para pegá-lo, mas o rato já não se mexe mais, desiste de ir atrás do queijo. Na
metáfora o povo seria o ratinho, depois das frustrações que viveu ao longo dos
últimos anos, a maior delas com Lula. De fato ocorreram muitas frustrações. De
fato o povo esta desmobilizado. Mas acho infeliz a comparação com os ratinhos
porque despreza um fenômeno fundamental: a consciência das massas populares.

Muitas vezes quando os pés não estão andando muito a cabeça está tirando conclusões. Mas a desconsideração de Plínio pela consciência revelada nesta metáfora (que se expressa também na pouco importância que Plínio
atribui à luta contra a corrupção como elemento de desenvolvimento da
consciência de classe) tem uma expressão mais grave: sua falta de compreensão
acerca da importância do partido, em particular do PSOL De minha parte, embora
concorde com a análise que a correlação de forças é desfavorável, tal como disse
Martiniano no debate, exigindo,portanto, mais do que nunca, a política como arte
para transformar a realidade, a mediação como categoria fundamental na
elaboração da tática, sustento também que existem inúmeros oportunidades que
estão abertas para os revolucionários.

Ademais, a correlação de forças mesmo sendo desfavorável, por conta sobretudo da confusão na consciência das massas, pela falta de uma alternativa política socialista e pela própria descrença na possibilidade da
existência de uma alternativa, temas tocados por Martiniano, estamos num momento
muito mais favorável do que outros momentos da história.
Não é uma questão de honestidade deste militante de 79 anos que milita mais do que muitos jovens
de 29, sendo neste sentido um exemplo. Respeito Plínio como militante. Por isso
também respeito suas idéias. Mas respeitar não quer dizer concordar,
necessariamente.

Plínio entende a recomposição da esquerda como um processo horizontal onde o PSOL é uma parte, mas não necessariamente a parte dirigente. Nós pensamos que o PSOL tem a vocação para ser a parte dirigente e
sem o protagonismo do partido como central não há como – pelo menos neste
período histórico – uma recomposição que realmente se efetive e coloque a luta
pelo poder como luta central, em torno do qual o rumo do país se decide. Por
isso em muitos dos seus artigos recentes escritos na Folha de SP, Plínio sequer
se apresentava como militante do PSOL, se apresentando apenas como ex-deputado
federal do PT. Por isso creio que no fundo Plínio não entende a importância da
campanha chamando o voto na legenda do PSOL. E não é uma importância apenas
eleitoral, que por si só já seria justificável. E para fortalecer a sigla do
partido, para fortalecer o partido como carro chefe das lutas sociais, como
condutor, como partido dirigente da classe trabalhadora e do povo pobre na
defesa das suas demandas imediatas e em sua mobilização permanente até a
conquista de um governo revolucionário dos trabalhadores e do
povo.



http://www.robertorobaina.blogspot.com/

No you tube está sendo postado o debate

Discurso Martiniano parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=3HbUm4rxJsA


Discurso Martiniano parte 2

http://www.youtube.com/watch?v=Ipeo8YMbP9c


Discurso Martiniano parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=N20CzRcbPyQ

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