PV vai com PSDB e PT. PSOL vai de candidatura independente
Por Edilson Silva*
Após vários meses buscando construir uma aliança com o PV em torno da pré-candidatura de Marina Silva à presidência da República, o PSOL decidiu nesta quinta-feira, 21/01,
encerrar as conversações e lançar candidatura própria. Motivo: a
conclusão de que Marina Silva não operou a esperada e desejada
refundação do PV. Não fortaleceu, ainda, um campo político independente
no Brasil, expectativa gerada quando do seu ingresso neste partido após
romper com o PT.
Uma das exigências do PSOL, bastante razoável, para consolidar uma aliança com Marina era a construção de palanques estaduais independentes, coerentes com a construção de um
projeto nacional alternativo à velha política, distante, portanto, do
PSDB, DEM, PMDB, PT, etc.
Mas, falou mais alto no PV o seu histórico de inconsistência ideológica e cálculos eleitorais de projetos pessoais. É inegável que se percebeu um esforço interno muito
honesto no PV, como o de Sergio Xavier, presidente do PV em Pernambuco,
para uma mudança de rumo, mas a velha direção do PV se impôs sobre a
esperança no “novo”.
O PV no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país, está embaraçado com PSDB e DEM no apoio a Gabeira. No Acre, o embaraçamento é com o PT dos irmãos Vianna.
Gabeira, o candidato a governador do PV fluminense, diz que “no
primeiro turno” só fará campanha para Marina Silva. A cúpula do PSDB
afirma que conseguiu fechar um palanque forte no Rio de Janeiro para
seu candidato presidencial, José Serra.
Conclusão óbvia 1: aliança branca PV/PSDB no Rio e PV/PT no Acre, só para citar dois exemplos, por enquanto. Conclusão óbvia 2: Marina Silva virou caroneira num partido
pilotado com mãos firmes por interesses conservadores, bastante
contraditório com seu discurso de superação do velho.
O PSOL, corajosamente, sob a direção política firme de sua presidente, Heloisa Helena, não teve medo de ousar apostar na ampliação de nossas forças, com Marina. Inviabilizado
o diálogo, o PSOL apresentará à sociedade brasileira uma candidatura
independente, coerente, popular, calcada na ética, no pensamento de
esquerda e vinculada aos movimentos sociais.
A candidatura do PSOL será definida em conferência eleitoral a ser realizada em abril. Três pré-candidatos foram apresentados: Plínio de Arruda Sampaio; o ex-deputado federal
Babá; e Martiniano Cavalcanti, presidente da Fundação Lauro Campos,
presidente do PSOL em Goiás, fundador do PSOL e um dos principais
dirigentes políticos do partido, e que teve sua candidatura lançada com
o apoio de Heloisa Helena, vários membros da Executiva Nacional e
também por 12 presidentes de Diretórios Regionais, entre os quais se
inclui este que vos escreve.
* Presidente do PSOL/PE e pré-candidato ao governo de Pernambuco
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